Os dados como base estratégica da expansão da escola.
Você já ouviu a expressão “Os dados são o novo petróleo”? Essa frase até poderia ter sido indicada como uma frase profética diante da crise de combustíveis que enfrentamos atualmente no mundo. Mas ela foi dita já há algum tempo para expressar a importância e a potência dos dados como base de negócios sustentáveis no século XXI.
E já antecipando a visão geral do que trago aqui nessa conversa, quero afirmar que dados são o novo combustível nos processos de crescimento de qualquer atividade sustentável.
Bem, não estamos mais falando do contexto do “big data”, onde os dados são coletados e acumulados sem critérios, sem controle ou sem finalidades específicas. Isso já é passado!
A expansão e sustentabilidade baseadas em dados já exigem o seu uso com finalidades claras, intencionalidade de ações e legalidade no tratamento de dados, principalmente dos dados pessoais.
Mergulhamos definitivamente na era das decisões não mais orientadas por suposições ou experiências passadas somente, mas orientadas por dados como ferramenta de crescimento e potencialização de resultados.
Estamos falando de dados tratados com inteligência, de forma estratégica. Dados que, uma vez coletados, são analisados com o objetivo de orientar a tomada de decisões.
A aplicação de inteligência no uso dos dados, principalmente dos dados pessoais, transparece o quanto as nossas escolas estão sensíveis às necessidades do nosso tempo ou não. E, claro, transparece o quanto as nossas escolas estão comprometidas com os valores que transcendem o nosso tempo, de olho no bem estar das gerações presente e futuras.
Um exemplo ainda vívido quanto a necessidade de processos orientados por dados foi experimentado pelas nossas instituições recentemente, quando repentinamente nos vimos isolados diante da pandemia do Covid 19.
Dentro e fora do contexto educacional, as instituições que estavam orientadas aos dados no funcionamento de seus mercados, com estrutura de equipamentos que respondessem as suas reais demandas, com operações virtuais mínimas, conseguiram se posicionar e seguir suas atividades com o mínimo de impacto possível.
Já as instituições que caíram no ciclo de perguntas cujas respostas não estavam baseadas em dados, sucumbiram diante dos desafios cujas respostas estão sendo construídas por essa geração.
Não, não temos registros históricos que tragam respostas para várias necessidades com as quais estamos lidando no agora. Então, qual seria o nosso desafio?
Levantar dados históricos, levantar dados atuais, levantar projeções baseadas em dados. E, sim, nós construirmos os nossos próprios registros.
O que é humano, segue sendo humano
Não poderia haver época mais propícia e favorável do que a atual para coletar, processar, minerar e validar dados. Dispomos de tecnologias que nos ajudam a acelerar esses processos de análises, abrindo espaço e tempo para que nossos atributos humanos também sejam considerados nesse processo de análise.
Opa, atributos humanos? Sim, sempre sim. Quando falamos de cultura de gestão e expansão orientada a dados, não necessariamente excluímos as percepções humanas desse processo. Muito pelo contrário. Atribuímos às máquinas tudo o que elas já possam fazer em favor de processos sustentáveis.
Desse modo, abrimos espaço para que o que é próprio e exclusivo dos atributos humanos sejam realizados pelos humanos.
Me recordo claramente que há alguns anos, quando realizei minhas primeiras formações para docentes, o grande receio era de que os computadores substituíssem os professores. “Impossível”, eu respondia. E assim foi. O tempo e uma pandemia foram suficientes para provar que o que é exclusivo do humano não será substituído por nenhuma inovação tecnológica, por mais refinada que seja.
De que dados estamos falando?
Falar de dados parece mais uma grande modinha. Assim como centenas já vistas e superadas dentro da área educacional.
Mas quando falamos de decisões orientadas aos dados, percebemos que essa cultura não é uma novidade. Grandes momentos da nossa história se valeram dessa orientação. Conquistas territoriais da história recente, guerras, o avanço do próprio evangelho pelo mundo ao longo da história. E não poderia deixar de citar: a produção de respostas científicas diante da pandemia do Covid 19.
A cultura de expansão e gestão orientada aos dados é, também, a responsável pelo surgimento meteórico e exponencial de novos mercados.
O que é a grande novidade é o fato de que a forma de coleta e acesso aos dados, mormente os dados pessoais, se tornaram praticamente automáticos com o advento das redes sociais e uso dos smartphones.
Não é à toa que na última década mais de 120 países buscaram regulamentar o uso de dados pessoais através de legislações rígidas, que exigem uma série de protocolos de segurança e garantias de uso estritamente direcionados às finalidades prometidas.
Cada vez mais as palavras finalidade, limites, transparência, legitimidade e legalidade são atribuídas à ética na cultura de processos orientados aos dados.
Quanto aos limites, ainda estamos nos acostumando com eles. Nesse artigo mesmo, alternamos entre dados e dados pessoais quase sem que um seja notadamente diferenciado do outro.
Esse é um desafio imposto pela nova Lei Geral de Proteção de Dados vigente no Brasil, a LGPD. Mas dessa lei falaremos num momento oportuno.
O que nos cabe nesse momento é compreender o poder dos dados. Tanto o poder destrutivo, quando os mesmos são utilizados de forma ilegal ou simplesmente desprezados, quanto o poder construtivo, quando são utilizados com intencionalidade e inteligência.
Passado, presente e futuro harmonizados por dados
Sem dados a sua escola não chegará a lugar nenhum. Sem dados nenhuma instituição que almeje um futuro irá prosperar em seus planos. Essa não é uma hipótese em teste. Essa é uma realidade!
Esse cenário deve ser temido? Não! Esse é o momento de tomarmos fôlego e fazermos o que as escolas têm feito de melhor ao longo da história: inovar, ousar, provocar e alinhar o passado, o presente e o futuro.
Só expandirá e alargará sua presença quem reconhecer os seus limites, se dedicar ao que é ético e construtivo e, principalmente, quem se dedicar a reconhecer que estamos todos fazendo uma nova história. Um privilégio para a nossa geração!
Só chegará ao êxito e colheita de bons frutos quem se instrumentalizar com o que de bom e produtivo os novos tempos nos proporcionam, desde já.
Ivanice Cardoso Teixeira de Lima
Advogada, especialista em Direito de Imagem e Segurança no Comportamento Digital. Consultora, Mentora e Palestrante em temas relevantes como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Uso Ético e Seguro de Mídias Sociais, Bullying/ Cyberbullying, Comportamento Digital e Privacidade. Colunista da Revista Pais & Filhos. Fundadora do Digital+Legal. É membro da Igreja Batista Memorial de São Paulo, mãe da Helena e da Beatriz.
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