Qual a importância do Projeto Político Pedagógico na Escola Cristã? O que é? Para que serve? A quem se destina?
Por: Débora Bueno M Oliveira
O projeto político-pedagógico (PPP) é considerado por muitos profissionais da educação como a “alma” de uma escola. O PPP, como é conhecido, é um documento que define a identidade e as diretrizes que serão implementadas na escola para a aprendizagem e a formação integral dos alunos. Ele serve como um guia que orienta todas as atividades escolares, de acordo com a realidade e o contexto da própria escola e, também, em conformidade com os objetivos dispostos pela Legislação escolar vigente.
É desejável que seja um documento colaborativo, uma vez que tem uma função social, que diz respeito a todos os segmentos e setores da escola.
No PPP, deverão estar explicitados: a Visão, a Missão, os Objetivos, o Currículo, entre outros assuntos. Todas as instituições de ensino devem escrever o seu Projeto Político-Pedagógico, envolvendo toda comunidade escolar e revisitando-o periodicamente, pois ele é um documento vivo, que reflete o cotidiano da escola e, por isso, deve conter de forma clara e objetiva a Cosmovisão em que se fundamenta, bem como toda estruturação e organização escolar que rege o processo de ensino e aprendizagem de cada escola.
De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), todos os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - Elaborar e executar sua proposta pedagógica; (...)
IV - Informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica.” (LDB – Lei nº 9394 de 20/12/1996 – artigo 12)
O PPP precisa explicitar os fundamentos filosóficos; objetivos; metas; bem como caracterizar toda ação da escola, a saber: sua organização, controles internos e externos, administração de pessoal, incluindo iniciativas próprias de capacitação, administração de material, decisões relativas ao processo de ensino e aprendizagem e à organização da vida escolar. É imprescindível que os processos de decisão e gestão, as relações de trabalho, os processos de avaliação da aprendizagem dos alunos e do desempenho da própria instituição estejam previstos e explicitados no documento.
Deve estar inserido na totalidade dos sistemas municipal, estadual e nacional e em harmonia com os princípios da educação brasileira.
É importante lembrar que o Projeto Político-Pedagógico não é mera formalida-de burocrática: ele deve ser elaborado para ser cumprido e não guardado em uma gaveta. Seus propósitos, ações, calendário, distribuição de competências e prazos são estabelecidos para se transformarem em realidade.
O princípio básico do projeto pedagógico é dar à escola a autonomia de trabalho. Segundo o que nos diz Castro Neves, em A Educação Básica Pós-LDB:
“A autonomia é a possibilidade e a capacidade de a escola elaborar e implementar um projeto político-pedagógico que seja relevante à comunidade e à sociedade a que serve.”
Fazendo uso dessa prerrogativa de autonomia dada às escolas, é de fundamental importância que em seu Projeto Político-Pedagógico a Escola Cristã enfatize:
a) o reconhecimento da pessoa e dos atos de Deus;
b) a possibilidade plena de desenvolvimento das pessoas;
c) a excelência educacional abrangendo a totalidade do ser;
d) a precisão de dados e fatos e comprometimento com a Verdade;
e) a comunicação a todos da esperança de redenção;
f) as responsabilidades mútuas e o envolvimento com as questões sociais.
Por que PPP? O que quer dizer a sigla e qual o sentido dos termos? PPP quer dizer Projeto Político Pedagógico e o seu significado pode ser assim definido: • É Projeto porque reúne propostas de ação concreta a ser executada durante determinado período de tempo; • É Político porque considera a escola como um espaço de formação de pessoas que pela ação da educação se tornarão cidadãos conscientes, responsáveis e críticos capazes de interferir nos rumos da sociedade; • É Pedagógico porque trata de questões próprias do processo de ensino e aprendizagem. |
O PPP precisa conter: 1. Identificação da escola. 2. Missão da escola. 3. Contexto no qual a escola está inserida. 4. Indicativos sobre o aprendizado dos alunos. 5. Recursos de que a escola dispõe. 6. Diretrizes Pedagógicas. 7. Plano de Ação. |
A escola cristã precisa ter a preocupação e o objetivo de promover não apenas o crescimento intelectual do aluno, mas também a formação cristã e, consequentemente, a transformação pessoal.
Dessa maneira, faz-se necessário elaborar objetivos gerais que contemplem os âmbitos: cognitivo, ético-valorativo, pessoal, social e espiritual.
Outro ponto de atenção deve ser o Currículo, entendendo que ele deve estar estruturado segundo as Diretrizes Nacionais Curriculares (BNCC), focado nas competências básicas e organizado por área de conhecimento. A sugestão é que ele seja estruturado a partir de princípios pedagógicos da contextualização, ou seja, que evidencie a relação entre teoria e prática, e a interdisciplinaridade, que promove o diálogo entre as diversas áreas do conhecimento.
O Currículo, assim, pode ser entendido como um plano estruturado de conteúdos. É o caminho por meio do qual se alcançarão os objetivos propostos e definidos. A sugestão é que cada um, antes de dar início à estruturação do currículo de sua escola, pesquise, estude, discuta com seus pares e, se necessário e possível, busque ajuda externa.
É importante que as escolas façam parte de redes de apoio, pois, muitas vezes, parcerias são necessárias e a ajuda e as orientações são desejadas. Vale lembrar, entretanto, que a principal e mais importante parceria deve existir entre o gestor e suas equipes. Todos têm de estar em sintonia quanto aos propósitos e objetivos da escola. E essa parceria interna revelada na convergência de intenções materializa-se no projeto político-pedagógico (PPP), que deverá prever as ações institucionais e pedagógicas e, também, em que pontos serão bem-vindas as parcerias externas. Há pessoas (consultores) e empresas que têm muita experiência em assuntos educacionais que poderão ser de grande valia para a revisão e alinhamento dos documentos escolares. Como nos lembra o versículo de Isaías, muitas vezes precisamos de ajuda, precisamos de uma parceria que estenda a mão ao companheiro de caminhada e lhe dê força!
Porém, o mais importante, para não dizer fundamental, é ter clara a convicção de que “toda prática de ensino requer uma filosofia de educação, que, por sua vez, exige ideias, métodos e valores e se orienta para um ideal na educação. Por trás disso, e influenciando cada escolha que se faz, está uma concepção de vida, de mundo, de ser humano”, conforme nos adverte o Reverendo Dr. Augustus Nicodemus. Essa visão de mundo, ou cosmovisão, é que por fim irá determinar os fundamentos do PPP.
Um Projeto Político-Pedagógico bem elaborado assegura que a escola cristã possa assumir sua visão de mundo e realizar seu trabalho fundamentado nos valores bíblicos. O que se faz necessário é que seus objetivos e sua prática, ou seja, que seu “credo” esteja explicita e objetivamente assumido e registrado no seu documento maior – o PPP.
É, ainda, conveniente lembrar da orientação contida no livro E Agora Como Viveremos? (Colson & Piercey): “A educação cristã ... Consiste em ensinar tudo, de ciências e matemática a literatura e artes, dentro da estrutura de uma visão de mundo bíblica e integrada. Significa ensinar os estudantes a relacionarem todas as disciplinas acadêmicas à verdade de Deus e sua autorrevelação nas Escrituras, enquanto detectam e criticam as afirmativas da visão de mundo não-bíblica”.
Profª Débora B M Oliveira
Consultora Educacional.
Graduada em Letras e Pedagogia. Mestre em Educação. Exerceu funções de Professora, Coordenadora e Diretora Escolar.
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